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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Amazônia é o melhor lugar para investimentos em créditos de CO2

Futuro mercado de créditos de carbono florestais pode render US$ 20 bilhões anuais até 2020 aos países amazônicos

Reduzir Normal Aumentar Imprimir Países amazônicos serão os primeiros ganhadores em um futuro mercado de créditos de carbono florestais, que pode chegar a US$ 20 bilhões anuais até 2020, de acordo com um novo relatório.

Estima-se que o desmatamento seja responsável por cerca de 12% das emissões dos gases do efeito estufa que causam a mudança climática e há um consenso geral de que o novo acordo global para o clima - em negociação em Copenhague - deve incluir um plano de proteção de florestas.

O plano permitiria que nações ricas cumprissem suas metas de emissão também investindo na preservação de florestas de países em desenvolvimento. Se o plano avançar, governos deverão, então, resolver onde colocar seu dinheiro.

O Índice de Carbono Florestal - lançado pela 'think-tank ambiental' (organização que realiza pesquisas e sugere soluções para os problemas do meio ambiente) Resources for the Future e pela consultoria Climate Advisers, ambas de Washington, D.C. - objetiva ajudar investidores e instâncias decisórias a escolher florestas ao redor do mundo.

O índice é calculado com base no potencial biológico da área para a armazenagem de carbono e no custo de oportunidade do local em termos de proteger a floresta ao invés de cortá-la por madeira ou limpar o terreno para agricultura e pasto. O índice também leva em conta o risco de investimento baseado na capacidade de cada país de fiscalizar e negociar suas florestas, a facilidade de negócio, a estabilidade política e as condições de governança local.

É o primeiro estudo do tipo que exibe de forma tão ampla os melhores lugares para entrar no mercado de carbono florestal, afirma Nigel Purvis, chefe da Climate Advisers e diretor do projeto.

Destaques sul-americanos

De acordo com o estudo, todas as regiões Amazônia-Andes, América Central, Bacia do Congo, Madagascar e Sudeste Asiático vivenciam desmatamento suficiente para se capitalizar com o mercado de carbono. Mas as primeiras oportunidades surgirão nos países com ambiente de investimento mais seguro.

O relatório sugere que 85% dos melhores lugares para retornos de carbono florestal estão na região amazônica, particularmente no Brasil e no Peru, onde existem altos índices de desmatamento, terras baratas, capacidades de mercado instaladas e vontade política para salvar as florestas.

A Bacia do Congo - com suas florestas ricas em carbono e preços baixíssimos - contém aproximadamente 75% dos locais com potencial de alto lucro. Mas índices de desmatamento relativamente baixos, instabilidade política e pouca capacidade para levar créditos de carbono ao mercado diminuem as chances da região de atrair investimentos na próxima década.

As classificações do índice confirmam as suspeitas de analistas do setor, afirma Doug Boucher, que dirige a Iniciativa para o Clima e a Floresta Tropical da Union of Concerned Scientists, em Washington, D.C. Boucher acrescenta que o investimento futuro não dependerá apenas do índice. O Brasil, por exemplo, anunciou que não venderia seus créditos de emissão no mercado de equilíbrio porque deseja que os países desenvolvidos se concentrem na redução de suas próprias emissões.

Ao invés disso, o Brasil criou um fundo que permite que nações ricas façam doações que ajudem o país a cumprir sua meta de reduzir o desmatamento em 80% até 2020. "Boa parte do investimento depende das políticas nacionais", afirma Boucher.

Trabalho em curso

Leo Bottrill, que mapeia as causas do desmatamento regional para o grupo conservacionista WWF, em Washington, D.C., alerta que embora o índice seja um bom panorama das oportunidades de carbono florestal, alguns dos conjuntos de dados nacionais e globais usados "devem ser tratados com cautela".

"Áreas atualmente identificadas na Bacia do Congo como carbono florestal de baixo custo podem na verdade estar sobre concessões minerais valiosas ou no caminho de futuras rotas de transporte", afirma Bottrill. "É importante complementar a informação do índice com dados práticos mais detalhados sobre a infraestrutura planejada."

"Se você realmente está pensando em fazer um investimento específico, você precisa ter uma lista de critérios muito mais detalhada", acrescenta Jan Fehse, chefe de serviços florestais da empresa de troca de carbono EcoSecurities, sediada em Dublin, Irlanda.

Fehse gostaria que o índice fosse expandido para acompanhar o progresso do desenvolvimento de políticas e sistemas legais e sociais para o mercado de carbono nos próximos anos. "Ao acrescentar camadas de informação, ele pode se tornar muito mais útil do que já é", afirma. Purvis espera que seu grupo apresente uma versão mais detalhada do índice no ano que vem.

"Essa é uma tentativa de compilar os melhores conjuntos de dados disponíveis no mundo", diz. "É o início da discussão e não o ponto final." Tradução: Amy Traduções

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Terra

10 de dezembro de 2009 • 11h59 • atualizado às 13h27


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