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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Há seis vezes menos espécies na Terra do que se pensava

Novos cálculos apontam para menor biodiversidade do planeta Terra

Cientistas australianos utilizam método de análise financeira aplicado à ecologia para cálculos

Quantas espécies diferentes há na Terra? Os resultados dos cálculos mais recentes são muito mais baixos do que as estimativas anteriores: 5,5 milhões de espécies vivas no nosso planeta. À primeira vista podem parecer até demasiadas, mas o número está muito abaixo dos entre 30 e mais de 100 milhões do que se pensava.

Segundo um estudo recentemente publicado, no
The American Naturalist, as probabilidades de que efectivamente existam mais de 30 milhões de espécies são de 0,001 por cento.


“Cientistas de todo o mundo têm reelaborado a informação e chegado a diferentes respostas”, afirmou Andrew Hamilton, da Universidade de Melbourne e autor principal do estudo, que acrescentou: “Por isto, abordamos a questão de uma prespectiva diferente. Em vez de afirmarmos ‘há x espécies’, incluímos um grau de certeza, ou de incerteza, que é usado nas diversas estimativas”.

Utilizando um modelo estatístico, muito usado na avaliação de riscos financeiros, mas raramente aplicado à ecologia, Hamilton e a sua equipa conseguiram calcular precisamente as probabilidades sobre os dados e estimativas originais do número de espécies.


Andrew Hamilton


Os investigadores da universidade australiana salientaram que o número encontrado estava muito longe do original.

Baseando-se no número de espécies de artrópodos tropicais (um grupo de insectos, aracnídeos e crustáceos) que vivem numa única espécie de árvores da Papua Nova Guiné, os investigadores extrapolaram os resultados a uma escala global.

Hamilton chegou à conclusão que existiam 90 por cento de probabilidades de existirem entre dois a sete milhões de espécies de artópodos tropicais, mas o mais provável seria que este número rondasse os 3,7 milhões.

Bactérias ficam de fora

A partir deste dado, e utilizando as melhores estimativas que existem sobre a diversidade de outros grupos de seres vivos, Hamilton determinou como “muito provável” a existência de 50 mil espécies de vertebrados, 400 mil de plantas e 1 300 000 de microrganismos não bacterianos.


Número de bactérias é impossível de contabilizar


Isto significa, uma biodiversidade global quase seis vezes inferior ao que se pensava.

As bactérias, como em outras ocasiões, ficaram de fora das contas de Hamilton, já que o seu número e diversidade é impossível de calcular.

O investigador, que afirma que 5,5 milhões de espécies diferentes continua a ser um número enorme, e mostra-se preocupado pela interpretação que a sociedade possa dar às suas conclusões. “Espero que as pessoas não interpretem isto como ‘não há tanta biodiversidade na Terra, então não deveríamos preocupar-nos’. Espero que pensem de outro modo − ‘não há tantas espécie, deveríamos ter mais cuidado para tratá-las’”.

Ciência Hoje
02-06-2010

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