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domingo, 19 de setembro de 2010

Entrevista - Juca Ferreira - Ministro da Cultura

Momentos de investir

Ministério luta para reformar leis que permitam avanço das atividades culturais

O sociólogo e ambientalista João Luiz Silva Ferreira, conhecido como Juca, é um entusiasmado defensor da CULTURA brasileira e da ampliação do acesso à arte pela população. Para vencer o desafio histórico, o baiano de Salvador que comanda o Ministério da Cultura há dois anos propõe reforço em políticas para capacitar o setor a dar um salto.

“Ao contrário do que dizem os críticos, o investimento do Estado não visa o dirigismo ou o aumento da presença do gover-no no setor”, disse.

Neste último ano do governo Lula, o senhor está sempre no Congresso, defendendo reformas legais, como a da

Lei Rouanet, a modernização do direito autoral e a criação do Vale-Cultura. Vai dar tempo?

Creio que sim. Os projetos estão bem encaminhados e podem ser aprovados na maior parte antes das eleições. São mudanças importantes e es-truturais, que estamos debatendo há mais de seis anos dentro e fora do ministério, em todas as frentes possíveis. É uma discussão aberta, à luz do dia, em favor da Cultura no geral em todo país. A modernização do direito autoral é urgente, se considerar as distorções existentes sobre o domínio das famílias sobre obras de grandes escritores brasileiros.

Qual o peso da chamada economia criativa na atividade econômica, com geração de emprego e renda?

O Brasil tem uma capacidade criativa enorme e uma poderosa diversidade cultural, mas carece de infraestrutura para crescer. Exemplo? Apesar de participar do hit parade internacional, nossa música, apontada como uma das melhores do mundo, pode ter espaço maior, proporcional ao seu prestígio. Isso se deve ao fato de o Estado não ter enfocado historicamente a Cultura como fator de desenvolvimento econômico e assumido sua responsabilidade como indutor, criando elos onde o mercado ainda não tem condições de oferecer. Temos reafirmado no ministério o conceito de economia da Cultura com o lançamento de políticas públicas, estudos de cadeias produtivas e buscando capacitar os agentes do setor. Para se ter uma ideia da importância estratégica dessa área, os produtos culturais são o principal item das exportações dos EUA. Desde 2003, o Ministério da Cultura (MinC) tem pedido aos órgãos de pesquisa, como IBGE e Ipea, além dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento,que passem a incluir atividades culturais nas sondagens sobre emprego e renda. Propus a criação de um instituto de pesquisas para o MinC no modelo da Educação.

O presidente Lula defendeu mais investimentos públicos para o cinema nacional, para a TV estatal e para a inclusão digital. O Estado também quer influir na demanda?

A criação de plateias nacionais para a Cultura passa pela família, pela escola e por espaços públicos como bibliotecas. Os números que encontramos mostram o tamanho do desafio para o Estado: 90% das cidades não têm cinemas, só 17% dos brasileiros compram livros e por aí vai. Ao contrário do que dizem nossos críticos, o investimento público não visa dirigismo da cultura ou o aumento da presença do governo no setor. Apesar de responder por mais de 70% do gasto com cultura, o orçamento público e de estatais ainda é pequeno e visa mais contrapartida privada. Não queremos proteção de mercado, mas desenvolver oportunidades. Queremos o fim do paternalismo e fazer com que a Cultura ande com suas próprias pernas.

Veja a chamada na contracapa do jornal e a reportagem/entrevista no Caderno Brasil.

Reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade do veículo.

Publicado por Carol Lobo/Comunicação Social


Categoria(s): Na Mídia

Tags: Entrevista Ministro, Ministro Juca Ferreira, Na Mídia




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