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domingo, 19 de setembro de 2010

Guia da construção verde: Lixo


De acordo com dados do IBGE, o Brasil produz todos os dias cerca de 230 mil toneladas de lixo. Desse volume, a metade (ou 125 mil toneladas) é produzida dentro das residências dos brasileiros.

Em um ano, essa soma ultrapassa os 45 milhões de toneladas de resíduos gerados apenas nas casas e apartamentos espalhados pelo país. Para piorar, apenas 2% de todo esse material é reciclado, levando os outros 98% a seguirem para lixões e aterros sanitários.

Mas algumas alternativas podem ajudar a minimizar esse problema. Se cada cidadão cuidar do lixo produzido em sua própria casa, uma grande quantidade de materiais pode deixar de se acumular e voltar a ter uma utilidade através da reciclagem.
Seja reciclável, orgânico, entulho ou tóxico, há sempre um destino mais sustentável para o lixo produzido em sua casa. Confira:

- Entulho

Esse é o primeiro resíduo resultante de uma casa, até porque é gerado durante sua construção. Os resíduos de construção ou demolição podem gerar um forte impacto ambiental caso não seja descartado corretamente. O surgimento de aterros clandestinos, entupimento de sistemas de drenagem e assoreamento de rios, que agravam as enchentes, e favorecem a proliferação de mosquitos são alguns deles.

Esse material é de responsabilidade de quem o produziu, ou seja, do dono da obra, e a disposição inadequada é considerada crime ambiental. Por isso, tenha atenção neles desde o início da reforma. O primeiro passo é conscientizar-se de que entulho não é lixo, é um material nobre que pode e deve ser reciclado.

Materiais de alvenarias, concreto, argamassas e solos podem ser reutilizado na forma de agregados. Já restos de madeira, metal, plástico, papel e vidro podem ser reutilizados no próprio canteiro de obra ou encaminhados para reciclagem.

Em obras pequenas, que produzam até 50 kg diários de entulho, o material ser descartado junto com o lixo doméstico, desde que sejam acondicionadas em sacos de ráfia ou feitos de outro material resistente. Algumas cidades, como São Paulo, possuem locais de coleta de entulhos com volume de até um metro cúbico por pessoa.

Nesses locais você pode descartar todos os resíduos da construção, desde cimento, tijolos, azulejos e madeiras até móveis velhos e sobras de podas de árvores.

Já em construções grandes, onde há uma grande quantidade de resíduos, é necessário contratar os serviços de uma empresa especializada em coleta e transporte de entulho para recolher o material e levá-lo a um local adequado. Nessa hora, certifique-se junto à prefeitura se a empresa está cadastrada e que o material será levado para locais apropriados e não para aterros clandestinos. Além disso, os equipamentos devem estar identificados e devem respeitar as leis de trânsito para o posicionamento na rua.

- Reciclável
Depois de cuidar dos restos da obra, é a hora da mudança e de começar a rotina dentro da casa nova. Com isso, a produção de lixo continua, mas de outra forma. Agora é a vez de transformar tudo que consumimos dentro do lar em resíduo. As embalagens de alimentos, as sacolas plásticas vindas do supermercado, a etiqueta da roupa nova e o tapete estragado pelo cachorro são alguns dos objetos descartados no dia a dia.

Mas grande parte de todo esse lixo pode ser reciclado e a coleta seletiva é a forma mais eficiente de começar esse processo. Compre algumas lixeiras (de preferência com as cores dos materiais: amarelo para metal, azul para papel, verde para vidro e vermelho para plástico) e deixe-os em um local de fácil acesso a todos da casa.

Depois informe a todos sobre a novidade e estimule para que joguem cada material em seu respectivo coletor. Se você tiver filhos pequenos pode criar algumas brincadeiras que tornem a prática mais divertida e educativa, e se conviver apenas com adultos, pode deixar bilhetinhos colados nas demais lixeiras lembrando a todos que aquele lixo pode ser reciclado.

Lembre-se ainda de limpar os resíduos e retirar restos de alimentos antes de jogá-los nos coletores. Esses materiais poderão ficar por alguns dias sendo acumulados e a sujeira pode atrair animais e insetos.

Quando tiver uma quantidade considerável de recicláveis acumulados, basta levá-los a um centro de coleta ou entregá-los ao caminhão de coleta seletiva. Caso não tenha nenhum ponto de entrega perto de sua casa converse com seus vizinhos e tome providencias. Vocês podem ligar para um centro de reciclagem e solicitar a passagem do caminhão ou criar um ponto de coleta seletiva em sua rua.

Saiba aqui o que pode e o que não pode ser reciclado.

- Composteira

Outra parte do lixo produzido em casa é formada por materiais orgânicos. São sobras do almoço, cascas de frutas, restos de legumes e temperos que não foram utilizados no preparo das refeições, podas das plantas, entre outros.
Todo esse material é compostável e pode virar um excelente adubo para sua horta e jardim. Uma maneira de transformar esse lixo em composto orgânico é utilizando uma composteira.

Esses locais são formados por terra e restos orgânicos e auxiliam na decomposição desses materiais com a ajuda de minhocas, fungos, bactérias e outros microrganismos. Mas não pense que isso é algo anti-higiênico, esse processo natural pode ser feito até dentro de apartamento e não gera odores nem atrai animais.

Medindo corretamente as escalas é possível reciclar o lixo orgânico em qualquer lugar. Se for feita em casa, a compostagem pode reduzir até 50% de todo o lixo doméstico, diminuindo a quantidade de resíduos recolhido e enviado aos grandes aterros sanitários, além de gerar um material nutritivo que auxilia as plantas no seu desenvolvimento e crescimento, evita o surgimento de pragas e doenças e fornece nutrientes importantes para o solo.

Se você mora em casa com uma área externa, pode fazer uma composteira diretamente no solo. Depois de escolher um local (que deve ser de fácil acesso, com uma boa drenagem e protegido do sol e vento intenso), junte uma pilha com pequenas folhas, gramas e lixo de cozinha. Armazene esse material até que a pilha chegue a 15 ou 20 centímetros de altura.

Depois de montar a primeira camada, regue-a (sem encharcar) e cubra com cerca de cinco centímetros de adubo pronto ou terra. Essa material ajudará a manter o equilíbrio interno do composto, impedindo cheiros ruins e garantindo sua qualidade. Alterne os materiais orgânicos com terra ou adubo pronto, regue a compoteira regularmente e remexa o material todos os dias ou a cada dois dias.

À medida que você adiciona novas matérias orgânicas e remexe o composto, você estará misturando o lixo intacto com camadas parcialmente decompostas. O material decomposto assentará no fundo porque as partículas são menores. É dali que você deverá retirar o composto pronto.

Para avaliar se já está no momento certo, verifique se a temperatura está adequada (ela deve girar em torno de 38ºC) e se ainda é possível visualizar algum material parecido com o lixo que foi depositado (nesse caso, é melhor esperar mais um pouco). O volume do material também deve estar reduzido, a cor dever ser marrom escuro ou preto, a textura macia e o cheiro deve ser de terra.

Mas se você mora em uma casa pequena ou apartamento, a solução é um pouco diferente. Composteiras feitas para ambientes internos, como a Minhoca, garantem que se lixo orgânico seja transformado em composto sem ocupar muito espaço ou gerar nenhum odor.

- Outros resíduos

É importante lembrar ainda que outros materiais, como óleo de cozinha, pilhas e baterias, não podem ser descartados junto com o material reciclável, bem como na composteira ou no lixo comum.

Eles são altamente perigosos e podem causar danos ao solo, ar e lençóis freáticos caso sejam descartados de forma inadequada. Por isso, separe sempre esses materiais e leve-os para centros de coleta.

Pilhas e baterias podem ser entregues em pontos do Papa-Pilha e celulares velhos podem ser descarados nas operadoras de telefonia móvel. Já na cozinha, guarde o óleo usado em garrafas ou recipientes fechados com tampa e envie-os para reciclagem. Várias ONGs e empresas se dedicam a essa coleta.

Portal EcoD
Foto: paul goyette

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