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sábado, 8 de janeiro de 2011

Origem do Reisado no Brasil - no Ceará, Fortaleza e em alguma parte do mundo como Espanha e outras partes da Pensínsula Ibérica

Luís da Câmara Cascudo, no seu Dicionário do folclore brasileiro, diz que Reisado é a denominação erudita para os grupos que cantam e dançam na véspera e Dia de Reis.

O Reisado chegou ao Brasil através dos colonizadores portugueses, que ainda conservam a tradição em suas pequenas aldeias, celebrando o nascimento do Menino Jesus. Em Portugal é conhecido como Reisada ou Reiseiro.


No Brasil é uma espécie de revista popular, recheada de histórias folclóricas, mas sua essência continua a mesma, com uma mistura de temas sacros e profanos.

O Reisado é formado por um grupo de músicos, cantores e dançarinos que percorrem as ruas das cidades e até propriedades rurais, de porta em porta, anunciando a chegada do Messias, pedindo prendas e fazendo louvações aos donos das casas por onde passam.

A denominação de Reisado persiste ainda na maioria dos Estados do Nordeste. Em diversas outras regiões o folguedo é chamado de Bumba-meu-boi, Boi de Reis, Boi-Bumbá ou simplesmente, Boi.

Em São Paulo é conhecido como Folia de Reis, onde a festa é composta de apresentações de grupos de músicos e cantores, todos com roupas coloridas, entoando versos sobre o nascimento de Jesus Cristo, liderados por um mestre

Fazem parte do espetáculo os “entremeios” (corruptela de entremezes), pequenas encenações dramáticas que são intercaladas com a execução de peças, embaixadas e batalhas. Os personagens são tipos humanos ou animais e seres fantásticos humanizados, cheios de energia e determinação.

O folguedo do ciclo natalino é comemorado em várias regiões brasileiras, principalmente no Norte e Nordeste, onde ganhou cores, formas e sons regionais. Em Alagoas, constitui-se numa representação dramática, normalmente curta e pobre de enredo, acompanhada e precedida de canto.

Em Sergipe, é apresentado em qualquer época do ano e não apenas nas festas de Natal e Reis. Os temas de seu enredo variam de acordo com o lugar e o período em que são encenados: amor, guerra, religião, entre outros.

O Reisado apresenta diversas modalidades e é composto de várias partes: a abertura ou abrição de porta; entrada; louvação ao Divino; chamadas do rei; peças de sala; danças; guerra; as sortes; encerramento da função.

A música no Reisado está sempre presente. O Mestre é o solista, sendo respondido pelo coro a duas vozes. Os instrumentos utilizados alternadamente são: a sanfona, o tambor, a zabumba, a viola, a rebeca ou violão, o ganzá, pandeiros, pífanos e os *maracás*, chocalhos feitos de lata, enfeitados com fitas coloridas.
Há uma grande variedade de passos nas danças do Reisado, entre os quais pode-se destacar: do Gingá, onde os figurantes de cócoras se balançam e gingam; da Maquila, um pulo pequeno com as pernas cruzadas e balanços alternados do corpo para os lados, passo também exibido pelos caboclinhos; Corrupio, movimento de pião com o calcanhar esquerdo; Encruzado, cruzando-se as pernas ora a direita à frente da esquerda, ora ao contrário.Tem como personagens principais o Mestre, o Rei e a Rainha, o Contramestre, os Mateus, a Catirina, figuras e moleques.

O Mestre é o regente do espetáculo. Utilizando apitos, gestos e ordens, comanda a entrada e saída de peças e o andamento das execuções musicais.

Usa um chapéu forrado de cetim, de aba dobrada na testa (como o dos cangaceiros), adornado com muitos espelhinhos, bordados dourados e flores artificiais, de onde pendem fitas compridas de várias cores; saiote de cetim ou cetineta de cores vivas, até a altura dos joelhos, enfeitado com gregas e galões, tendo por baixo saia branca, com babados; blusa, peitoral e capa.

O traje do Rei deve ser mais bonito e enfeitado. Veste saiote ou calção e blusa de mangas compridas de cores iguais, peitoral, manto de cores diferentes em tecido brilhante (cetim ou laquê);calça sapato tênis (tipo conga), meiões coloridos e na cabeça uma coroa feita nos moldes das dos reis ocidentais, semelhante a das outras figuras, porém encimada por uma cruz; levam nas mãos uma espada e, às vezes, também um cetro.

Durante o cortejo os Reis vêm na frente, logo atrás do Mestre e do Contramestre. A Rainha é representada por uma menina, com vestido *de festa*, branco ou rosa, uma coroa na cabeça e um ramalhete de flores nas mãos.O Contramestre é o responsável pelo Reisado na ausência do Mestre. Seu traje é semelhante ao daquele, só que menos pomposo.

Os Mateus, que sempre aparecem em dupla, usam trajes diferentes dos outros figurantes: vestem paletós e calças de tecido xadrez, usam um grande chapéu afunilado que chamam de cafuringa, com espelhos e fitas coloridas, óculos escuros, rosto pintado de preto, geralmente com tisna de panela ou vaselina e levam nas mãos os pandeiros. São os personagens cômicos do Reisado, junto com a Catirina.

Conhecida antigamente como Lica, a Catirina é a noiva do Mateus. Veste-se de preto, traz um pano amarrado na cabeça, o rosto pintado de preto e um chicote nas mãos, com o qual corre atrás das moças e crianças.

As outras figuras formam o coro do Reisado, que participam ativamente apenas nas batalhas, nas danças e no canto, quando respondem ao solo do Mestre. Formam duas fileiras simétricas, organizadas hierarquicamente e posicionadas uma do lado direito outra do lado esquerdo do Mestre.

É uma das tradições populares mais ricas e apreciadas do folclore brasileiro, principalmente na região Nordeste.
Grupo de Reisado de Juazeiro do Norte: tradição remonta a Antiguidade, mas foi enriquecida no Nordeste em 6/1/2011.
O folclorista Affonso M. Furtado da Silva escreve sobre as origens das tradições do reisado, remontando ao texto bíblico.

As celebrações em louvor aos Reis Magos ocorrem basicamente entre o Natal e 6 de janeiro, dia de Santos Reis: é o terceiro momento do ciclo festivo do Natal, que se integra ao patrimônio artístico e cultural.

Para alguns, esta alegre manifestação de religiosidade popular teria surgido entre nós; entretanto, ela se originou bem mais remotamente.

Esses personagens bíblicos surgem no capítulo 2 do Evangelho de São Mateus, no episódio da Adoração dos Reis Magos, que a eles alude vagamente, sem especificar nomes, categorias, número ou procedência.

Após meditação exegética, Apologistas e os Pais da Igreja - Gregório, Ambrósio, Jerônimo, João Crisóstomo, Agostinho e Tomás de Aquino, entre outros, formularam os primeiros dogmas e rituais cristãos e se manifestaram sobre os Magos.
Planalto Pici: grupo de reisado do Espaço Cultural Frei Tito de Alencar, já na 18ª edição, conta com a participação de jovens e crianças
Grupos aproveitam a tradição do reisado para arrecadar alimentos não perecíveis e doá-los às famílias carentes

Tradição e consciência social. A Folia de Reis, que comemora o nascimento do menino Jesus e homenageia os três Reis Magos, é mais que uma mera manifestação cultural. Na periferia da Capital, grupos se reúnem para resgatar as raízes da vida interiorana e ajudar a quem precisa. Durante essa semana, vários grupos de reisado estarão entoando canções em troca de alimentos ou qualquer outro donativo.

Na chegada, eles anunciam: “Meu senhor dono da casa/Abra a porta e ascenda a luz/Venha dar a santa esmola/Em nome de Jesus”. A depender da manifestação ou não dos moradores, eles continuam: “Esta casa está bem feita/Por dentro por fora não/Por dentro o cravo de rosa/Por fora manjericão”.

Tradição

Além das músicas tradicionais que compõem o repertório do reisado, os grupos também diversificam as apresentações, acrescentando canções de autoria própria dos integrantes e algumas com temas natalinos. O grupo de reisado do Espaço Cultural Frei Tito de Alencar (Escuta), do Bairro Planalto Pici, promete um repertório com mais de dez canções para os cinco dias de apresentações.

O reisado do Escuta já está na 18ª edição e conta com a participação de jovens e crianças da comunidade, que atualizam o hábito trazido pelos moradores mais velhos do bairro.
No Conjunto Ceará, o Grupo Libertação, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, formado por 30 pessoas, realiza a Folia de Reis. O objetivo de seus integrantes é ajudar as famílias carentes da área.

“É uma maneira da gente resgatar as raízes da própria comunidade e de aliar a questão cultural com as necessidade das famílias”, explica um dos coordenadores do reisado, Francisco José Júnior. Há quatro anos, o grupo tira o reisado no bairro e no Dia de Reis, 6 de janeiro, eles entregam as cestas básicas formadas com os donativos arrecadados. A entrega acontece na praça da Capela de São Francisco, após a missa.

Além de estimular a solidariedade, o grupo também promove a divulgação da tradição da Folia de Reis em outros bairros da Capital cearense e até municípios do Interior do Estado. Na noite de ontem, eles realizaram o cortejo nas ruas da Aldeota e no próximo sábado celebrarão os reis magos e o Natal no município de Marco, na Região Norte do Ceará.

A ideia surgiu porque há familiares de integrantes do grupo morando nesses locais que não teriam acesso ao reisado.

Além disso, o Grupo Libertação adicionou outros diferenciais ao velho costume. Ao lado da zabumba e do triângulo, o reisado do Conjunto Ceará conta com instrumentos de percussão e saxofone.

Já os personagens têm temas religiosos, como anjos e as figuras dos três reis magos: Melchior, Gaspar e Baltazar.
Na Espanha, e outros locais da Península Ibérica milhares de crianças e adultos participaram na noite de quarta para quinta-feira nos tradicionais cortejos dos Reis Magos.
O maior cortejo teve lugar em Madrid e envolveu dezenas de veículos ornamentados.

Para as crianças espanholas a véspera do dia 6 de Janeiro é um momento muito especial. Tradicionalmente, é na manhã deste dia que podem abrir as prendas de Natal. Na Espanha, o dia de Reis é também feriado nacional.

“Eles vêm do Oriente. Chamam-se Melchior, Baltasar e Gaspar e trazem-nos muitos presentes”, disse uma menina que participou no cortejo em Madrid.

Para além de Espanha, as procissões do dia de Reis são igualmente populares na América Latina e nas Caraíbas.

Wikipédia
Revistas Folclóricas
Jornais da Cidade 

Um comentário:

Anônimo disse...

Essas informações são muito importantes porque divulgam os grupos que já realizam esse trabalho resgatando essa belíssima tradição e incentiva outros a fazerem o mesmo.

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