Conferência na Academia de Marinha - (Parte II)
(Ten. Coronel Carlos Paiva Neves)
«Existem coisas que, para as saber, não basta tê-las aprendido»Séneca
Colon como um plebeu de nome Cristoforo Colombo, natural de Génova que, nascido de pais pobres, tecedores e cardadores de lã, se veio a tornar no mais famoso de todos os navegadores do mundo, que descobriu as Américas, ao acaso, quan A versão oficial da história colombina retrata a figura do Almirante Cristóvão do buscava a Índia, sem saber onde estava. Ao aprofundarmos o conhecimento sobre a vida e personalidade do navegador, que se revela em muitos casos, misteriosa e enigmática, também é verdade que somos determinados a inferir que estamos perante um homem com uma formação cuidada, dotado de profunda espiritualidade, de sentido messiânico e de uma vasta gama de conhecimentos. O propósito desta comunicação é desmistificar o estatuto de navegador ignorante e analisar alguns factos que evidenciam a manifestação afectiva ao serviço de Portugal.
Muitas vezes nos questionámos como seria navegar nos oceanos desconhecidos, sob o ponto de vista psíquico e emocional, evidentemente que não alcançamos uma resposta satisfatória, pois não conseguimos transportar o nosso consciente para o século XV.
O Prof. Luís Adão da Fonseca oferece-nos uma descrição peculiar sobre o mar desconhecido:
«De facto o mar é o grande buraco, é negro, é escuro…É o espaço que separa a terra conhecida da terra não conhecida, que separa a terra habitada pelos homens pela terra não habitada, que nos separa do paraíso. Este conjunto de convicções, herdado de tempos anteriores que remontam às centúrias iniciais da Idade Média, atravessa todo o século XV, estando ainda vivo nos tempos de D. João II.»1
Este mesmo autor, sugere-nos a leitura dos textos de Cristóvão Colon onde esta coordenada aparece de forma expressa, e sendo assim, não podemos estar perante um curioso na matéria, ao invés, trata-se de um navegador que busca estes conhecimentos desde os primórdios da sua juventude. Nesta sequência, julgamos primordial o entendimento da política de sigilo dos descobrimentos no século XV, sobretudo desde o tempo do Infante D. Henrique até ao reinado de D. João II, para melhor contextualizarmos a envolvente de Cristóvão Colon. Por exemplo, o cronista Rui de Pina nada diz sobre a viagem decisiva de Bartolomeu Dias, mas relata com pormenor a chegada de Cristóvão Colon a Lisboa, no regresso da primeira viagem às Antilhas ao serviço dos Reis Católicos. Ainda o Prof. Adão da Fonseca refere que «de acordo com Jaime Cortesão existiu uma política oficial de sigilo a respeito do nosso esforço de descobrimento marítimo, e afirma que o esquecimento relativo a Bartolomeu Dias não pode deixar de ser o resultado da reserva a que eram sujeitas as expedições descobridoras.»2
Sabemos que esta temática não reúne consensos por parte dos investigadores, mas pela análise das fontes, interpretamos a política de sigilo como um pilar essencial na estratégia delineada pelos autores principais da expansão marítima, onde o Almirante Cristóvão Colon foi um actor destacado, como iremos analisar. Mas reforçamos esta tese da política de sigilo, com o parecer do Prof. José Manuel Garcia, referindo que no essencial, este procedimento estratégico existiu de facto, pois «enquadra-se de forma adequada numa política de “mare clausum”, que visava deter e garantir o exclusivo das explorações económicas resultantes das explorações geográficas que se realizaram ao longo do século XV e ainda em parte do século XVI.»3
Somos motivados neste momento por uma reflexão, na medida em que o empreendimento das descobertas marítimas não continham exclusivamente o estímulo económico, mas um outro vector de natureza espiritual, que Jaime Cortesão foi recolher no franciscanismo e á sua mística.
Como veremos, este vector franciscano atravessa a vida do Almirante Cristóvão Colon.
Todavia o autor da Política de Sigilo nos Descobrimentos Portugueses, não coloca a questão quanto á presença de Cristóvão Colon em expedições realizadas a S. Jorge da Mina? Recordemos que S. Jorge da Mina era uma feitoria estratégica para Portugal, sobre a qual Duarte Pacheco descreveu o seguinte: «na qual casa nosso senhor acrescentou tão grandemente o comércio que em cada ano se tiram dali por resgate, que vem para estes reinos de Portugal, cento e setenta mil dobras de ouro fino, e muito mais em alguns anos se resgata e compra aos negros que de longes terras este ouro ali trazem, os quais são mercadores de diversas nações […] Esta gente até agora fora gentios e já alguns são feitos cristãos.»4
Se até S. Jorge da Mina os portugueses poderiam navegar com costa á vista, a descoberta dos Açores seguiu uma metodologia diferente, facto que teria motivado outras expedições no Atlântico Norte. Sobre a descoberta dos Açores respondeu o Almirante Gago Coutinho que o «segredo político impediu que se contasse como os portugueses tinham chegado aos Açores. Uma só vez transpirou o segredo do descobrimento do arquipélago: na carta de Valsequa, isto é, dum Judeu converso de Maiorca, pertencente à mesma comunidade de religião e meio social do cartógrafo do Infante»5.
É interessante também notar que o Rei Cristiano I da Dinamarca, enviou às costas da Gronelândia, a pedido do rei Afonso V de Portugal, uma expedição de que faziam parte marinheiros portugueses. Como referiu Luís Ulloa, historiador peruano e investigador especializado nos temas do Descobrimento da América e na figura de Cristóvão Colon, «datas e testemunhos levam a pensar que Colombo fez parte dessa expedição»6, e o próprio Colon deixa-nos o testemunho: «tudo o que se navegou, também lá andei». Analisando esta sequência de factos, sugerimos então uma questão: Seria Cristóvão Colon parte integrante da estratégia sigilosa por parte da Coroa portuguesa? A carta enviada pelos Reis Católicos a Cristóvão Colon, em Setembro de 1493, portanto um ano antes da assinatura do Tratado de Tordesilhas, expressa intenções para obtenção de informações sobre a eventual existência de ilhas e terra firme, mais ricas e proveitosas, os quais afirmavam que: «… sabemos que disto sabeis vós mais do que alguém, vos rogamos que logo nos envieis vosso parecer… por isso, por nosso serviço, vos rogamos que logo nos escreveis…»7. Nesta carta, os Reis Católicos expressam o seu conhecimento acerca do serviço que Cristóvão Colon prestou à Coroa portuguesa, no âmbito das navegações.
No capítulo do serviço e afectos prestados a Portugal, comecemos pela carta enviada por D. João II a Cristóvão Colon, em 20 de Março de 1488, em resposta à que o Almirante dirigiu ao Rei de Portugal, cujo teor se desconhece, mas que se constitui como uma peça fundamental para estabelecer ligações dentro deste processo histórico. Analisemos o teor da carta de D. João II, relevando os aspectos afectivos: «nosso especial amigo em Sevilha… vimos a carta que nos escreveste e a boa vontade e afeição que por ela mostrais terdes a nosso serviço, vos agradecemos muito… que vossa industria e bom engenho nos será necessário, nós a desejamos… e por tanto vos rogamos e encomendamos que vossa vinda seja logo e para isso não tenhais pejo algum…»8.
Quais foram então os supremos interesses de D. João II, para rogar ao seu especial amigo, que retornasse logo a Portugal, amigo este que demonstrou boa vontade e afeição pelo serviço em prol do monarca? O Almirante Gago Coutinho por ocasião de uma conferência na Sociedade de Geografia de Lisboa, sobre as múltiplas versões falsas criadas por leigos da náutica, referiu que Cristóvão Colon «tantas vezes embarcou com os portugueses e se limitou a fazer como os outros navegadores ocidentais».9
Bartolomé de Las Casas reforça este aspecto na História das Índias, indicando que Colon «navegou algumas vezes aquele caminho (o do Ocidente) em companhia dos portugueses como pessoa já residente e quase natural de Portugal.»10
Segundo a versão oficial, Cristóvão Colon descobriu o Novo Mundo por acaso e sem saber onde estava, no entanto esta tese não nos parece de todo plausível, pois o Almirante adquiriu experiência desde muito cedo, nas navegações Atlânticas, perfeitamente inseridas em missões portuguesas.
No regresso da primeira viagem realizada às Antilhas, em Março de 1493, desloca-se a Vale de Paraíso, onde se encontrava o Rei D. João II, antes de dar a boa nova aos Reis Católicos, cujas ocorrências são registadas no seu diário de viagem, e nessa célebre entrevista pode-se analisar o ambiente afectivo existente entre o Rei português e o Almirante: «…o Rei o recebeu com muita honra, e lhe fez muito favor, mandou sentar e falou muito bem, oferecendo-lhe que lhe mandaria fazer tudo o que aos Reis de Castela e a seu serviço cumprisse…»11, «…hoje, depois da missa, voltou a dizer-lhe o Rei, se tinha necessidade de algo que logo se lhe daria, e conversou muito com o Almirante sobre a sua viagem, e sempre lhe mandava estar sentado e fazer muita honra…»12, «hoje se despediu do Rei, e lhe disse algumas coisas que dissesse da sua parte aos Reis, mostrando-lhe sempre muito amor. Partiu depois de comer, e enviou com ele, D. Martinho de Noronha, e todos aqueles cavaleiros o vieram acompanhar e fazer honra…»13.
De regresso de Vale Paraíso, visitou o mosteiro de Santo António em Vila Franca de Xira para apresentar as suas homenagens à rainha D. Leonor de Portugal, que mostrava muito desejo de o ver. Que laços familiares poderão estar escondidos, entre a Rainha de Portugal e o Almirante?
Ainda outro episódio tangível ao sentimento patriótico, ocorreu no Verão de 1502, após iniciar a quarta viagem. O Almirante foi informado de que uma fortaleza em Arzila se encontrava sitiada pelos mouros, ordenando que fossem em auxílio dos portugueses que se encontravam em apuros. Cristóvão Colon «tinha uma relação afectiva forte com os portugueses, e partir para as Índias sem acorrer em seu auxílio teria sido impensável… O almirante enviou a terra o seu irmão Bartolomé Colombo e Fernando, juntamente com os capitães dos navios, para se encontrarem com o capitão de Arzila, que tinha sido ferido pelos mouros num combate. O comandante português retribuiu a gentileza de modo cortês.»14
Tudo isto é vivido num ambiente messiânico profundo e enquadrado numa grande influência franciscana, que está patente desde o reinado de D. João I, até ao reinado de João II. A espiritualidade e a cultura intelectual são protagonizadas por frades franciscanos.
O Prof. Aurélio de Oliveira refere que «o espírito descobridor de Portugal revestiu-se também, graças à tendência espiritual que o cristianismo franciscano tomou entre nós, de sentido missionário»15
O espírito de S. Francisco foi objecto de uma devoção amplamente difundida e enraizada na Corte de Portugal, bem patente a partir dos finais do século XIV até aos primórdios do século XVI. Veja-se por exemplo, que após a entrevista concedida pelo Rei D. João II, a Cristóvão Colon, já citada, o monarca «se refugia (será este o termo adequado?) em Torres Vedras, em cuja região está desde o final de Março até finais de Setembro...»16.
Nesta localidade está situado o convento do Varatojo, de devoção franciscana, mandado construir por D. Afonso V. No ano seguinte, em 1494, é assinado o Tratado de Tordesilhas. Estaria então o Rei D. João II em recolhimento franciscano para planear estrategicamente a assinatura do referido Tratado? Foi neste ambiente das viagens empreendedoras concretizadas pela Ordem de Cristo, que Cristóvão Colon recebeu influência, e nelas faziam parte os frades franciscanos que «levaram a palavra de Cristo, pelos conselhos evangélicos, concretizando assim um dos ideais portugueses ao partir: levar a Boa Nova a todas as gentes e tornar Jesus Cristo conhecido em todos os locais!»17
O franciscanismo de Cristóvão Colon está bem identificado nas suas palavras e comportamentos, que denotam uma formação religiosa muito precoce de natureza perceptoral. Notemos alguns registos demonstrativos: «… porque era muito devoto de S. Francisco, vestiu-se de pardo… ao tempo que chegou cá, vestido quase como frade de S. Francisco.»18; «...sempre foi devoto da Ordem do bem-aventurado Santo Senhor S. Francisco e com o seu hábito morreu...»19; «É bem patente a importância do vocabulário afectivo, sensível e inclusive a experiência mística: “Deus me abriu a vontade, este fogo, esta luz”. Reconhece-se que nos planos teológico e filosófico tinha uns conhecimentos próprios da elite secular»20.
Foi dentro desta tipologia do secular, própria dos membros da Ordem Terceira, que pretendeu situar-se Cristóvão Colon, chegando mesmo a definir-se como “leigo não letrado”. O seu saber é demonstrado pelo saber empírico, em que insistiam especialmente, os franciscanos e os professores universitários nominalistas21.
Na carta dirigida aos Reis Católicos, em 1501, escreve: «Ó Senhor que quisestes ter em segredo tantas coisas aos sábios, e revelaste-as aos inocentes…»22
Em alguns textos de Cristóvão Colon, o não letrado e ignorante, pode por revelação divina, conferida pelo Espírito Santo, ensinar os sábios, porque, conforme é referido na mesma carta: «o Espírito Santo obra em Cristãos, Judeus, Mouros e em todos de outras seitas, e não só nos sábios, mas nos ignorantes…»23.
A mentalidade messiânica de Colon estava imbuída de um espírito de cruzada, como atesta: «… a razão que tenho é a restituição da Casa Santa, isto é, Jerusalém…»24, e com uma base de conhecimentos alargada em, cosmografia, história, crónicas, filosofia, e outras artes, com influência de gente sábia, eclesiásticos, seculares, latinos e gregos, judeus e mouros, e com outros de outras seitas, conforme o próprio regista nessa mesma carta. Relembremos que a ciência medieval, a cosmografia, astrologia, geografia, medicina, alquimia, foram muito protagonizadas pelos franciscanos em Portugal, sendo de todo plausível que Colon tivesse recebido os seus ensinamentos.
Os conhecimentos de Colon são ainda atestados pela riqueza de citações no seu Livro das Profecias, de «Aristóteles, Plínio, Séneca, Estrabão, Ptolomeu, Esdras, Escoto, Beda, Pedro Comestor, Pedro de Alíaco, Eneas Sílvio, Marco Pólo. Os livros de cabeceira seriam os de Ptolomeu, Pedro de Alíaco e Marco Pólo, além das Sagradas Escrituras e das lições dos Santos Padres, Santo Agostinho, Santo Ambrósio, Santo Isidro, S. João Crisóstomo.»25
Citando o Prof. Alain Milhou «a consciência e cultura messiânica de Cristóvão Colon, inscrevem-se fundamentalmente na trajectória do franciscanismo joaquimita.»26
Em Portugal, esta corrente está relacionada com o culto do Espírito Santo iniciado com a rainha Santa Isabel e que actualmente ainda é festejado nos Açores, nas festas do Divino Espírito Santo e em Tomar na festa dos Tabuleiros. «A larga permanência em Portugal teve também a sua importância na formação do messianismo colombino, não tanto para o tema de Jerusalém, presente na mente cavaleiresca de D. Afonso V, mas na luta contra o Islão e a aliança com as cristandades ocultas e do misterioso Prestes João. Conservando a recordação da gesta portuguesa, não vacilaria Colon, na relação da sua terceira viagem de 1498, em dar aos Reis Católicos o exemplo dos Reis de Portugal que mantiveram com grande gasto, servir a Deus e acrescentar seu senhorio…»27.
Julgamos que na sua permanência em Portugal, Colon recebe influência de D. Afonso V, que de acordo com Rui de Pina: «era amigo das letras e honrava os que as sabiam, e foi o primeiro Rei que faz livraria em seus Paços, no que se parecia com seus tios, o Rei D. Afonso de Nápoles e com o Infante D. Pedro»28.
A Enciclopédia Espasa refere que os «portugueses eram, então, os navegadores mais hábeis e empreendedores da Europa, e entre eles pode Colombo ter adquirido todo o conhecimento e perícia que revelam seus feitos posteriores.»29
Ainda recentemente o Professor Juan Gil, da Universidade de Sevilha e perito em estudos Colombinos, atribui à sua permanência em Portugal a seguinte visão: «… Este ambiente excitante e exótico, cheio de grandiosos projectos enriquece a sua experiência e possibilita o descobrimento, pois quando se estabelece em Espanha… Colombo dispunha de um amplíssimo caudal de conhecimentos em mundos e mares… e esta etapa portuguesa é tão decisiva que marca indelevelmente a mentalidade do Almirante, que morre acreditando ter alcançado o seu sonho (das Índias), um sonho próprio de um português e que só a um português estava reservado.”30
O Almirante Cristóvão Colon tinha um outro comportamento que merece análise cuidada, fazia algumas vezes o juramento a S. Fernando, «quando alguma coisa de grande importância nas suas cartas queria com juramento afirmar…»31.
Fomos pesquisar sobre S. Fernando, e identificámos o Rei Fernando III de Castela, «falecido a 30 de Maio de 1252, aos 53 anos de idade, que foi canonizado a 16 de Agosto de 1673» 32. Porém, confrontamos a análise do Prof. Alain Milhou, que colocou a hipótese remota, de se tratar do Infante Santo de Portugal, cujo martírio foi profundamente sentido na sociedade portuguesa e especialmente vivido por seu sobrinho o Rei D. Afonso V. «Santo lhe chamaram, e chegou a ter culto na Batalha, na igreja de Nossa Senhora da Oliveira em Guimarães, e provavelmente também em Lisboa, da última metade do séc. XV até fins do XVII.»33
Este facto não deve ser desligado das fortes ligações afectivas que Cristóvão Colon tem com Portugal e os portugueses.
Julgamos ter evidenciado um conjunto de argumentos que fazem denotar um messianismo em Cristóvão Colon, baseado numa sólida formação filosófica, religiosa e científica, integrada numa influência espiritual dos Descobrimentos Portugueses. A propósito, o investigador italiano Ruggero Marino, sugere-nos as seguintes reflexões: «É credível a empresa de um obscuro e ignorante marinheiro que não sabe nada, mas que adivinha tudo, que frequenta a Corte do Rei de Portugal…? Em Portugal onde casa com uma nobre donzela? Que é recebido pelos Reis Católicos e consegue credibilizar a sua estratégia? Que contacta com monges e cardeais? Que se corresponde com Toscanelli?»34
Torna-se pois, imperioso estimular as mentalidades científicas para a pertinência da investigação académica em torno da personalidade e do pensamento de Cristóvão Colon.
Este estímulo é reforçado pelo Prof. Joaquim Veríssimo Serrão, que nos revela o seguinte:
«Entre as obras que deixo inacabadas para o prelo, figura uma com o título Cristóvão Colombo e Portugal, que coligi com boa cópia de argumentos, nos últimos vinte e cinco anos. São uma dúzia de ensaios históricos que dizem respeito á história portuguesa entre os anos de 1470 e de 1510. Devo confessar que, para a melhoria do texto em muito contribuíram as investigações que Manuel da Silva Rosa teceu acerca do descobridor do Novo Mundo, num esforço de revisão que merece o qualificativo de sério e diligente…
Mas o novo autor segue com idêntico e, embora, a nosso ver, não prove definitivamente a nacionalidade lusa de Colombo, avança com argumentos que impõem ponderação e estudo.»35
Gostaríamos de finalizar com as palavras e a elevada admiração que nutrimos pelo Almirante Gago Coutinho: «Enfim, sem diminuir Colon, a verdade é que, da sua nebulosa e aventurosa vida, só se apura o que ele fez como navegador: E, como tal, Colon foi, inquestionavelmente, português.»36
1 Luís Adão da Fonseca, “D. João II – Reis de Portugal”.
2 Idem
3 Prof. Dr. José Manuel Garcia, Prefácio “A Política de Sigilo nos Descobrimentos Portugueses” de Jaime Cortesão.
4 Jaime Cortesão, “A Política de Sigilo nos Descobrimentos Portugueses”.
5 Idem.
6 Luís Ulloa, 1927, facto confirmado pelo director da biblioteca de Copenhaga, Sofus Larsen.
7 Carta de 5 de Setembro de 1493, dos Reis Católicos a Colombo.
8 Joaquim Veríssimo Serrão, “Itinerários de El-Rei D. João II”, Academia Portuguesa da História.
9 Diário da Manhã, 17 de Dezembro de 1944 – conferência de Gago Coutinho.
10 Eduardo Pereira, “Cristóvão Colombo em Porto Santo e na Madeira”.
11 Joaquim Veríssimo Serrão, “Itinerários de El-Rei D. João II”, Academia Portuguesa da História; Cf. Diario del Primer Viaje, estudo citado, p. 136.
12 Idem.
13 Idem, pág. 136-137.
14 Martin Dugard, “A Última Viagem de Colombo”.
15 Aurélio de Oliveira, “Os Descobrimentos Portugueses, Vol II, pág. 472, citado em Coordenadas espirituais na Génese da Expansão – Os aspectos místico-religiosos na tese de Jaime Cortesão”.
16 Luís Adão da Fonseca, “D. João II – Reis de Portugal”.
17 Manuela Mendonça, “O Franciscanismo em Portugal – Séc. XIII-XVI”.
18 Bartolomé de Las Casas, História das Índias.
19 Raccolta[55], parte II, Vol. 1, p. 207.
20 Alain Milhou, Cristóvão Colon “Modelo “idiota” que ensina os sábios”.
21 Fundadores do nominalismo, os franciscanos Duns Scoto (m.1308) e Guilherme Occam (m.1349).
22 Carta de Cristóvão Colon aos Reis Católicos, Livro das Profecias, 1501.
23 Idem.
24 Idem.
25 Cristóvão Colombo – Carta do Achamento das Antilhas (15 de Fevereiro/14 de Março de 1493, Prof. Doutor Manuel Viegas Guerreiro.
26 Alain Milhou, Cristóvão Colon “Modelo ‘idiota’ que ensina os sábios”.
27 Relação da Terceira Viagem [65], fol. 2 r.
28 Reis de Portugal - D. Afonso V, Saúl António Gomes.
29 Enciclopédia Espasa – Enciclopédia espanhola do século XX.
30 Idem, citação do Prof. Juan Gil da Universidade de Sevilha.
31 Bartolomé de Las Casas, Historia das Índias.
32 Santos de Cada Dia, II volume, pp. 110 e Catholicisme, Tomo IV.
33 Enciclopédia Luso-Brasileira.
34 Ruggero Marino (Investigador Italiano).
35 Prefácio de Joaquim Veríssimo Serrão, em Colombo Português, Manuel da Silva Rosa.
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