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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Breve histórico do estudo da Paleontologia e a descoberta de Fóssil de um Titanossauro em Marília - SP

Concepção artística de saurópodes, ordem à qual provavelmente 
pertenceu o fóssil achado em Marília (444 km a noroeste São Paulo)


O estudo dos fósseis, é de uma complexidade tamanha, que os leigos no tema não imaginam como é difícil colher esse material para análise, para que os mesmos não percam as suas originalidades quanto a formação, local e em que época viveram observando-se a suas relações com o meio em que habitavam seguindo as idades cronológicas. 

O homem tem um fascínio por conhecer estes seres que viveram em tempos remotos, buscando descobrir seu modo de vida, as condições ambientais e bióticas nas quais, desenvolveram-se as causas da morte ou da sua extinção, e as possíveis relações evolutivas entre eles. Assim sendo, sempre quando há novas descobertas de fósseis em determinadas regiões do planeta, existe uma preocupação de fazer escavações com a preocupação de averiguar a sua historicidade relacionadas a era geológica. 

A ciência que estuda esses seres que viveram a milhões de anos, a chamada Paleontologia e que é uma ciência abrangente e complexa, por envolver outras áreas de estudo a ela ligadas diretamente no seu campo específico, como a Geologia, Biologia, Química, com vastos conhecimentos em Matemática. E por a Paleontologia está intimamente ligada à vida na Terra, ela recorre a todas as outras ciências, principalmente as mais afins. 

Pisadas de dinossauros no Estado da Paraíba

No Brasil, os primeiros fósseis que encontraram, estavam situados no Estado da Paraíba no município de Sousa no ano de 1897, por um agricultor, mas apenas em 1920 essas pegadas foram identificadas por Geólogos que após estudos intensos certificaram-se que, tratava-se de pisadas de dois dinossauros distintos. Ficaram esquecidos por muito tempo e isso acontecia por não terem ainda uma visão da importância do tema para esta ciência, no âmbito mundial, até que surgiram importantes paleontólogos, que consideram a área como uma das mais importantes na área da Paleontologia, intensificando-se também pela descoberta da presença de fósseis na região de Santa Maria No Rio Grande do Sul, estendendo-se depois para estudos em Uberaba, Minas gerais e várias regiões a oeste de São Paulo. Depois de estudos intensificados, a área ficou conhecida como “Vale dos Dinossauros”. 

Ossos, dentes, ovos, pegadas e fezes (coprólitos) de dinossauros são encontrados em bacias sedimentares espalhadas por toda a área que hoje é o Brasil. Os principais sítios paleontológicos estão nas seguintes regiões: Chapada do Araripe (CE); Sousa (PB); Recife (PE); Alcântara e São Luís (MA); Tesouro e Morro do Cambambe (MT); Prata e Peirópolis (MG); Araraquara, Marília,Monte Alto, Presidente Prudente e Álvares Machado (SP); Candelária e Santa Maria (RS). 

Em 2009 foram descobertos na região de Marília,SP, os primeiros fósseis de um dos mais completos titanossauros já achados no País. Escavações realizadas em 2011 e neste ano por paleontólogos do Museu de Paleontologia de Marília, Universidade de Brasília, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Fundação Educacional de Fernandópolis (SP) revelaram boa parte da coluna vertebral articulada, principalmente vértebras das costas e do pescoço, ossos da bacia, quase todas as costelas, diversas vértebras caudais, os dois fêmures, um úmero, além de dentes de crocodilianos e dinossauros terópodes. Estima-se que mediria entre 13 e 15 m de comprimento. 

Segundo o paleontólogo e coordenador do Museu de Paleontologia, William Nava, esta quarta etapa de escavações também uma equipe de cinegrafistas da UNB que vai produzir um documentário sobre as escavações. “Estaremos em aproximadamente 10 pessoas, mas nem todos estarão envolvidos na escavação, e esperamos até o dia 15 de agosto atingir os resultados esperados, ou seja, retirar se não todo, ao menos parte dos fósseis do titanossauro e trazer para o museu ou local mais adequado para que posteriormente esses fósseis possam ser retirados das rochas e se inicie o estudo anatômico de cada um deles, processo que costuma demorar meses ou mesmo anos”, explica Nava. 

Titanossauro herbívoro

O titanossauro foi uma espécie de herbívoro, quadrúpede, que media aproximadamente 13 metros de comprimento e viveu no período cretáceo, há cerca de 100 milhões de anos. O paleontólogo Willian Nava coordena as escavações do titanossauro juntamente com o geólogo e paleontólogo da UNB, Rodrigo Miloni Santussi, e o biólogo e paleontólogo da UFRGS, Marco Brandalise de Andrade. O secretário municipal da Cultura, André Gomes, destaca que o titanossauro é patrimônio cientifico cultural de Marília e região. “Este titanossauro é importante, porque além de toda a descoberta no campo científico, irá beneficiar também a comunidade, pois o titanossouro não irá para um grande Museu nas capitais do Brasil ou do mundo, e sim permanecerá em Marília como patrimônio de todos os marilienses”, finaliza Gomes.  

Descoberta a localização do fóssil de titanossauro pode ser considerada uma lacuna no tempo: essencial para que se possa entender a diversidade da natureza e a nossa história evolutiva. O geólogo e paleontólogo da UNB, Rodrigo Miloni Santussi, explica que essa fase da escavação é um momento decisivo porque é a fase da coleta do material a ser estudado e posteriormente preservado. “Depois de retirar o esqueleto do animal, iremos levá-lo para o Museu de Paleontologia, que é um ambiente mais estável e seguro para sua preservação e logo após, estudar o material, ou seja, compreender sua biologia e fazer comparações com outros dinossauros já conhecidos. Do ponto de vista evolutivo ele vai fornecer muitas informações para compreendermos a história de formação do nosso planeta”, explica o geólogo. 

Estudo Geológico das rochas onde encontram o fóssil

O geólogo ainda salienta que o estudo das rochas no local onde está o fóssil é importante para a pesquisa porque fornece informações do que acontecia naquela região: como e aonde o animal morreu e quais condições ambientais eram as reinantes na época que esse dinossauro vivia. O biólogo e paleontólogo da UFRGS, Marco Brandalise de Andrade, destaca que também faz parte do trabalho do paleontólogo registrar da melhor maneira possível a retirada do material porque esta ação fornece subsídios para a compreensão do dinossauro e do contexto em que ele existiu, além de poder reconstituir aquilo que era Marília há 70 milhões de anos atrás. “Um tempo que é difícil a gente entender só em números, 70 milhões de anos é muito tempo para nós, mas à medida que registramos os acontecimentos temos condições de reconstruir melhor a idéia do que era a região de Marília, como era sua ecologia e como chegou a ser o que é hoje, ou seja, compreender as várias fases, e a transformação do planeta. Destaco que é importante este registro do período cretáceo, porque pouco depois quase não há registro de dinossauros”, finaliza o biólogo. 
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Matéria redigida com base nos temas dos sites: 

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