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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Por quê sofrer sem necessidades?

María Jesús Ribas (EFE)

Embora pareça um contrassenso, para se aproximar da felicidade, convém observar ao que parece ser o oposto dela, o sofrimento.

É fundamental diferenciar dor de sofrimento. O primeiro é o dano e as sequelas provocadas em alguém por uma lesão ou golpe físico ou emocional. Já o segundo consiste na forma como nossa mente percebe, interpreta e vivencia essa dor, e que muitas vezes se transforma em um calvário ainda maior.

Por exemplo, quando se erra o martelo e ele atinge a mão, a dor costuma ser bastante desagradável, dependendo da força. Mas o problema é que ela pode não se limitar a isso, pode provocar lamentação, arrependimento e frustração.

Em vez de apenas aceitar a dor da martelada, muitas pessoas poderiam remoer o erro e pensar consigo mesmas que deveriam ter sido mais cuidadosas, e acabam se culpando categoricamente pela falha. Num extremo, algumas poderiam até 'travar' e deixar de fazer trabalhos manuais para o resto da vida.

Vamos para mais um exemplo. O namoro acaba após anos de felicidade, o que parte o coração e causa muita dor. Nas semanas ou meses seguintes, a pessoa sofre, chora, sente-se 'dor de cotovelo' e se repete que a culpa é dela, que deixou escapar a pessoa de sua vida, sua alma gêmea, e não encontrará outra igual.

"Conclusão: a dor é ineludível, porque ao longo da vida sofremos todo tipo de traumas e feridas, mas o sofrimento, ou pelo menos um alto percentual da angústia e amargura que causa um fato doloroso, pode ser evitado mudando a percepção sobre ele e o aceitando", assinala o terapeuta transpessoal Raúl Vincenzo Giglio, especialista em acompanhamento a pessoas de luto.

Segundo ele, uma das formas mais saudáveis de perceber a dor é aceitá-la, reconhecendo que a existência humana é dual e em transformação. "Os sábios orientais costumam comparar a vida a um rio, que flui entre duas margens, a da felicidade e a da dor, e cujas águas estão em permanente contato com ambas as margens".

Outra forma positiva de enxergar a dor é considerá-la como o que realmente significa, "um sinal de alarme ou sintoma enviado por nossa mente ou corpo para indicar que há em nosso organismo ou mundo psicológico algo que não funciona bem, que requer nossa atenção e que devemos revisar ou solucionar", assinala Giglio.

Os três tipos de sofrimentos

Os textos de psicologia ensinam que existem diferentes tipos de sofrimentos ou "dores da alma".

Um deles é o manifesto, que é o que temos quando alguma coisa nos incomoda, em nível físico ou emocional, seja no corpo ou na mente, em decorrência, por exemplo, da perda ou rejeição de uma pessoa. Ou seja, qualquer tipo de mal-estar notório, evidente.

Por sua vez, o sofrimento por mudança ocorre quando nos sentimos aliviados depois de uma dor passar, mas em pouco tempo surge outra. Muda-se um sofrimento por outro. Neste caso, a felicidade que sentimos é passageira e tem mais a ver com o alívio do que com um autêntico bem-estar.

Também há o sofrimento constante. Trata-se de um mal-estar sutil, inconsciente e perene, que permanece quase todo o tempo com a pessoa porque sempre há um motivo para sofrer, e se este não existe, ela o buscará. Pode-se inclusive 'sofrer por antecipação', diante das possíveis ameaças ou desgraças que a vida pode trazer no futuro.

"Em nenhum desses espaços de sofrimento pode se manifestar o bem-estar ou a felicidade duradoura, que se baseia na paz interior. Esta, por sua vez, surge da capacidade de manter a calma em qualquer circunstância, de viver o aqui e agora, de sentir os prazeres da vida, de aceitar as adversidades e de sentir amor e compaixão pelos demais", explica o terapeuta.

No terreno positivo, ele destaca que "quanto mais nos afastamos das miragens e exigências das condições externas e mais nos aproximamos da paz interior, mais nos afastamos do sofrimento e nos aproximamos da felicidade".

"Toda adversidade tem uma intencionalidade da vida. Não consiste necessariamente em causar sofrimento psicológico, mas em nos ajudar a crescer e evoluir como pessoas", aponta.

Giglio levanta explicações positivas para se aproveitar os prazeres e observar a vida de forma otimista. "O universo não é uma máquina criadora de dor, mal-estar, torturas ou golpes existenciais. Por trás de todo acontecimento, há um amor infinito. O mundo não é um vale de lágrimas, aonde viemos para sofrer. Somos feitos para aproveitar a beleza e a plenitude da vida".

De acordo com o terapeuta, "as adversidades são criadas pelo universo para que nos superemos e fortaleçamos. Se não existissem, não cresceríamos, ficaríamos estagnados. Graças a elas, obtemos novos recursos, capacidades, relações, fazemos mais coisas e melhores. Estão presentes no caminho da vida, para mudarmos, não para sofrermos".

"Por trás de cada adversidade, há uma oportunidade. É preciso estar atento ao inesperado, porque ali se esconde o universo: a vida cheia de sementes para potencializar grandes oportunidades, renovações, processos, aprendizagens, descobertas e experiências", finaliza.

msn.com

19/10/2010 17:35

Metal Nobre - Não Tem Que Ser Assim


5 comentários:

Anônimo disse...

Minha Amiga,

Nota 10 por esta postagem.

É aqui que deveria haver vários pontos de vistas sobre o assunto.

Tem muita gente pensando que para vivenciar o crescimento interior, temos que sofrer; o que na verdade não é bem assim.

Existe sim a possibilidade de vivenciá-lo, sem contudo sofrer por isso.

O que acontece é que até que o elemento consegue entender isso, já sofreu por demais e, daí pra frente, fará toda uma transformação interior, de forma mais expontânea e sem sofrimento.

A Lei do Universo, do Criador é de causa e efeito, ou seja, se para alcançar a tal felicidade eu devo então passar por cima de tudo e de todos, tem que ter alguma coisa errada aí. Enquanto eu estiver procurando esta felicidade desta forma, somente vou ter sofrimento lá na frente. Se não nesta, noutra vida posterior.

Até chegar ao ponto de eu também fazer o Bem ao próximo, como muitos já fizeram e muitos ainda fazem, com desprendimento e muito amor no coração.

Com este comportamento, aí sim, estarei no caminho certo em busca da tal felicidade interior que todos nós queremos.

"Coincidentemente" acabo de postar um assunto que vem de encontro a este, pois também fala do nosso comportamento como sendo de fundamental importância para o nosso crescimento individual.

Novamente, parabéns pela matéria!

Mazé Silva disse...

Olá, meu querido amigo Bottary!

Obrigada por ter gostado da postagem e uma nota 10, vinda de um especialista nesses assuntos como você, é como ganhar um trofeu em um campeonato.

Muitas vezes sofremos intriormente, temos angústias tristezas e não sabemos conciliar o problema com o meu consciente de forma clara e precisa e sem buscar a verdadeira felicidade.

Difícil é, digo para mim, mas que poderei conseguir superar através de diversas transformações internas do meu ser e temos que procurar não bater na mesma tecla, poquê senão iremos sofrer duas vezes. Temos que falar e cumprir o que incutimos como o correto pra não sofrermos tanto e sermos felizes, acho buscando a paz interior.

O texto cita que ao vivenciarmos um problema angustante e cheios de amarguras, poderemos solucioná-los, procurando desligar-se mentalmente o mesmo e aceitar da melhor maneira o acontecido, isso dizem os especialistas na área terapeutica, mas eu afirmo que não é fácil, mas é possível.

E para mim a pior de todas as dores é a rejeição, mas também sei que poderá ser superada se buscarmos interiormente a paz.

Sofrer antecipado, isso já me aconteceu muitas vezes, mas nada se conquistamos sem luta e sem romper os obstáculos que surgem em nossas vidas.

Bottary, vou ler agora a sua matéria e pela grandeza dos seus conhecimentos tenho a plena certeza que será uma riqueza de matéria.

Agradeço o seu comentário e por ter gostado do assunto importantíssimo para cada um de nós.

Beijos!

Mazé Silva!

Anônimo disse...

Querida Amiga Mazé,

Se, para vc, a pior de todas as dores é a rejeição, mas também sabe que poderá ser superada se buscar interiormente a paz, então vc tá no caminho certo, minha querida. Até porquê, ninguém rejeita ninguém, a não ser a si próprio, pois vamos reportar ao grandioso Mahatma Gandhi.

Ninguém conseguia ofendê-lo, pois ele sabia que tudo não se tratava da imperfeição do outro.

Foi então que ele disse: " Ninguém faz mal a ninguém, a não ser a si próprio".

Na verdade devemos deixar que o outro "nos rejeite", mas sempre nos perguntando: O que será que fiz de errado para que ele tivesse este comportamento comigo. De repente, sou eu o "culpado" disso tudo. Muitas das vezes eu penso que foi o outro que estaria errando comigo, o que na verdade não quero é assumir de que fui o provocador.

SOU EU QUE TENHO QUE MUDAR OS MEUS COMPORTAMENTOS E NÃO FICAR ESPERANDO QUE O OUTRO MUDE, NÃO É MESMO? É DIFÍCIL, MAS NÃO É IMPOSSÍVEL.

TEMOS É QUE DAR O PRIMEIRO PASSO. E O PRIMEIRO PASSO É NÃO FICARMOS OFENDIDOS COM BOBAGENS À TOA, QUE NÃO VÃO JAMAIS TIRAR NOSSA DIGNIDADE.

Foi muito bom parlamentar com vc neste assunto, pois estava precisando falar até pra mim mesmo.

Fico-lhe imensamente agradecido!

Isabelle disse...

Olá Mazé:

Considero uma descoberta maravilhosa ter ingressado nesta pagina. O artigo não só é interessante é uma forma de entender e assumir a vida, uma filosofia moderna, atual, que esta em voga, é o que se trata de transmitir as pessoas uma atitude frente a vida. Mas acho pertinente também atingir que essa forma de procurar a dor e o sofrimento segundo os tipos mencionados, é resposta de experiências previas, dos traumas de infância, de ensino dos pais que tem essa conduta e a transferem a seus filhos. Ainda bem que agora há tanta informação que permite modificar aquelas maneiras erradas de viver.

Gostei da matéria, parabéns Mazé, e obrigada pelo convite a este precioso site.

Mazé Silva disse...

Olá, Izabelle!

Fiquei muito feliz por ter vindo participar conosco da vivência do Elo Geográfico atendendo ao meu convite.

É sempre enriquecedor termos a participação de pessoas esclarecidas como você, onde será capaz de deixar também sua contrbuição, sua experiência e seu pensamento voltado para o tema proposto aqui.

Com certeza, o que falastes Izabelle, vem de encontro à essência do texto e que a forma como são tansmitidos os valores éticos e morais se uma forma mais moderna contribuirá para um melhoramento da questão do sofrer, onde entra o nosso ego, a nossa mentalidade referente ao que imagínávamos em superar e enfrentar de uma outra foma o sofrimento.

Obrigada pela sua presença Izabelle e pelo seu valioso comentário.

Beijos,

Mazé Silva

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